Património

Industrial

Tanoaria

A arte da Tanoaria reside no fabrico de vários barris, vasilhames ou pipas que depois serviriam para albergar vinho (nomeadamente o vinho do Porto), água, azeite e produtos de conserva. Em Esmoriz, este ofício iria enraizar-se profundamente no quotidiano da comunidade.  

Os primeiros tanoeiros naturais de Esmoriz encontram-se datados para os séculos XVIII e XIX, contudo operarão em várias localidades distribuídas pelo país. Como exemplos, temos os casos de Manuel da Costa Godinho (em meados do século XVIII, exercia alegadamente o ofício no Porto), José Francisco Vita (trabalhou em Aião – Oliveira do Bairro), António Rodrigues da Silva (opera em Setúbal no ano de 1877) ou de Joaquim Gomes de Oliveira (montou uma tanoaria em Guimarães em 1894, a qual viria a ser premiada em exposições de índole nacional). Outros artífices esmorizenses tentaram a sorte nas tanoarias do Porto e de Vila Nova de Gaia.  

No início do século XX, a indústria da Tanoaria afirma-se finalmente em Esmoriz. Em 1919, já existiriam aqui 25 tanoarias que empregariam centenas de operários. Nestes anos, a indústria tanoeira esmorizense vive o seu auge em termos de produção. 

Todavia, a partir da segunda metade do século XX, testemunharíamos o declínio desta actividade, entrando quase em extinção. Os avanços tecnológicos ao nível do fabrico deste tipo de materiais, o mau estado das estradas da região (o que implicava o recurso a meios de transporte dispendiosos) e o desinteresse generalizado dos cidadãos em assimilar o ofício duro de aprendiz de tanoeiro foram determinantes para que muitas tanoarias conhecessem o seu fim. 

Nos dias de hoje, permanecem em actividade duas ou três tanoarias em Esmoriz. Aqui podemos realçar a Tanoaria Ramalho que abriu em 1952 devido à visão de Manuel Augusto de Sá (Manuel “Ramalho”) e a Tanoaria JOSAFER que foi fundada por José António Fernandes em 1962, inspirando-se no legado de Joaquim Dias Ferreira (“Ferramenta”).  

Apesar dos ventos adversos da modernidade, o vasilhame de Esmoriz ainda continua a ser exportado para o estrangeiro (recebem-no países como os EUA, o Canadá, a França, os Países Baixos, a Alemanha, etc.) e para várias regiões do nosso país.

Cordoaria

A instalação da indústria da Cordoaria em Esmoriz remonta aos séculos XVII e XVIII. A fabriqueta de António Luís, este oriundo do lugar do Arrabalde, é a primeira a ser identificada, no ano de 1646, tendo sido notificada relativamente ao pagamento da décima. Em 1718, o cordoeiro Manuel Martinho foi igualmente citado para saldar aquele imposto. Nestes tempos iniciais, a Cordoaria serviu em grande parte como meio de apoio à indústria piscatória, na qual já se encontrava enraizada a Arte Xávega. A boa qualidade das redes de captura poderia fazer a diferença em alto mar. 

Entre 1807 e 1808, já estariam documentados sete industriais de cordoaria em Esmoriz. Em 1812, chegou inclusivamente a existir o cargo de “juiz de cordoeiro”. No século XIX, surgiriam ainda as Sociedades Castro, Leça & Ferreira (1850) e Romeira & Irmão (1886, esta forneceu cordas para muitas companhas espalhadas pelo Distrito de Aveiro). Desde 1820 até 1897, encontraremos 140 operários cordoeiros na localidade, sendo que uma grande parte trabalhava em zonas como o Campo Grande, Paço e Matosinhos. 

Manuel José Marques de Sá criaria, em Quintãs, a primeira cordoaria a vapor existente em Esmoriz, já no século XX. Em 1969, seria criada a Cordex, a qual se afirmaria no sector do fabrico de cordas e cabos em sisal e sintéticos, exportando o seu material para vários países e tendo ainda sido distinguida em 1979 com o “Troféo Internacional a la Exportation” atribuído em Paris. Outra cordoaria importante foi a Frecol.

Sacaria

A indústria da sacaria destinava-se ao fabrico de sacos de papel. A produção manifestou-se também em Esmoriz, em especial no lugar de Gondesende, onde se instalaram algumas unidades fabris durante o século XX. Nesta indústria, tínhamos essencialmente mulheres a trabalhar que, apesar dos equipamentos limitados, conseguiam confeccionar inúmeras tipologias de sacos, os quais poderiam variar no tamanho, na capacidade de embalamento e na especificidade do papel usado. Numa altura em que Esmoriz crescia demograficamente e o comércio local/regional se intensificava, veremos estas embalagens a serem utilizadas para carregar arroz, massa, açúcar, feijão, pães, etc. Serão inclusivamente bastante utilizadas nas mercearias locais.  

Na segunda metade do século XX, a Indústria dos Plásticos consolidará o seu peso, provocando o declínio drástico das sacarias e das fábricas de papel. A última sacaria do concelho de Ovar terá mesmo encerrado já no decurso da década de 80. 

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