História

Esmoriz

Jf Esmoriz

A norte do distrito de Aveiro, mais concretamente no concelho de Ovar, pontifica uma cidade cuja história é milenar e que se expressa através das ruínas de monumentos antigos, do seu labor multifacetado ao nível da Tanoaria, Arte Xávega, Cordoaria e Sacaria, e que também se distingue pela arquitetura tradicional em torno dos seus palheiros que conservam a alma coletiva de uma terra virtuosa no trabalho. 

Em termos históricos, o anfibolito existente em Gondesende, situado já muito perto dos limites de demarcação relativamente a Paços de Brandão, reivindica 500 milhões de anos de existência, assumindo características geomorfológicas especiais que suscitam o seu interesse arqueológico e geológico. A necrópole do Chão do Grilo ou da Quinta Nova, sita entre os Lugares da Torre e Gondesende, é outra das estruturas enigmáticas da terra. Este cemitério antigo terá sido utilizado entre os séculos IV e VIII d.C., isto é, entre a Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média, e compreendendo em grande parte, as épocas de domínio suevo e visigótico. De acordo com o arqueólogo Gabriel Rocha Pereira, poderá ter existido um povoado próximo desta necrópole que remontaria à Idade do Ferro. 

No ano de 897, surge a primeira referência documental conhecida, na qual Adosinda herda várias terras, entre as quais, “Ermoriz que est circa lagono de aville” (Esmoriz que ficava perto da Lagoa de Ovil, Barrinha de Esmoriz).  

Nos anos de 1220 e 1251, temos inquirições ordenadas pelos reis D. Afonso II e D. Afonso III respectivamente. Através destes documentos, percebemos que importantes instituições tais como o Mosteiro de Grijó, o Convento de Pedroso e a Ordem do Hospital possuíam aqui propriedades, cobrando sucessivos impostos. A comunidade rural pagava igualmente direitos ao rei em géneros (trigo, milho miúdo, capões), evidenciando-se assim o impacto da agricultura e de alguma pecuária em Esmoriz. 

Em 1288, e no âmbito das inquirições do rei D. Dinis, é realçada a importância que a Barrinha de Esmoriz reivindicava enquanto fonte de recursos, sendo o seu usufruto disputado. A lagoa possuía nessa altura um porto, integrando na época o leque restrito de estruturas medievais desta natureza existentes no distrito de Aveiro. A actividade piscatória aqui existente sairia então reforçada a partir desse documento.  

Também no século XIII, surgem as primeiras menções a párocos e a um templo, situado em parte desconhecida, em Esmoriz.  

Na Idade Moderna (séculos XV-XVIII), a fé cristã de Esmoriz é reforçada com a construção de novos templos, casos da Igreja Matriz de Esmoriz (séc. XVI), da Capela da Penha (1623; ao início sob o formato de ermida) e da Primitiva Capela de Nosso Senhor das Febres (primeiros dados conhecidos para 1738-1743). É ainda no final deste ciclo histórico que se encontram as primeiras raízes da Arte Xávega na nossa terra. 

Na Época Contemporânea (séculos XVIII-XXI), assiste-se a um desenvolvimento demográfico, económico e urbanístico, alimentado pelos avanços científicos e tecnológicos. Esmoriz não é alheio, verá a sua população a chegar à ordem dos milhares, e irá albergar múltiplos serviços públicos, nomeadamente ao nível do ensino, correspondência, ligações rodoviárias e ferroviárias, etc.  

Actividades como a Tanoaria, a Cordoaria e a Sacaria ficaram rapidamente associadas à produção industrial que aqui se repercutiu no decurso deste período contemporâneo. 

Graças ao seu crescimento a todos os níveis, Esmoriz torna-se vila a 29 de Março de 1955. Todavia, o empenho e a identidade bairrista do seu povo permitiriam alcançar outros patamares, pelo que a terra foi elevada a cidade a 2 de Julho de 1993. 

Esmoriz é hoje bastante procurado por milhares de turistas, sobretudo na época balnear, devido às suas três praias (Praia da Barrinha, Praia do Cantinho e Praia dos Pescadores), ao Parque Paisagístico do Buçaquinho (inaugurado a 25 de Abril de 2013, permitindo o contacto agradável com a área florestal em redor) e à Barrinha de Esmoriz (hoje coberta por passadiços e uma ponte). 

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